Acordei nesse dia com um olho negro e um corte no lábio. Toquei o sangue seco na bochecha e tentei adaptar-me à luz intermitente da lâmpada que ameçava fundir-se. Estava sentada no chão, molhada e suja, ainda com a camisa azul e calças pretas do trabalho, manchadas de sangue e rasgadas aqui e ali. Sentia-me nojenta, ferida, cansada; só queria um banho, mas tudo o que eu via eram quatro paredes brancas e uma porta de metal.
Porque é que não havia janelas?
"Cheiras a cigarros."
Pois é, nem sempre temos o que queremos. Onde está um isqueiro quando precisamos dele? Sim, porque o cinzeiro é o chão.
"Cheiras mesmo muito a cigarros."
Cala-te, estúpido. Se te chateia assim tanto, vira-te de costas. Se calhar é o cheiro do sangue e estás enganado.
E tudo o que eu queria era uma garrafa de água.
domingo, 14 de março de 2010
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